Filosofemos …

Isabelamd

Arquivo de Diálogos

A Nova Versão do Capuchinho Vermelho

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Guiões dos Diálogos _ A Questão da Objectividade Científica

 

I GUIÃO DO DIÁLOGO

Situação: Uma tarde, um café, duas amigas e …

Margarida: Que é que andas a ler?

Joana: Lembras-te de eu te dizer que não conseguia acabar de ler um livro?

Margarida: Hum … Hum …

Joana: Este consegui ler.

Margarida: Porque raio …

Joana: Filosofia, minha amiga.

Margarida: Tinha de ser (rindo).

Joana: Não digas isso. É sobre Popper, Kuhn e a Problemática da Objectividade Científica.

Margarida: Aposto que estás a favor de Kuhn?

J.oana: Nem por isso. Popper adequa-se melhor à minha maneira de pensar.

Margarida: A sério? Eu não concordo com ele.

Joana: Estás-me a dizer que concordas com a perspectiva de que a ciência não é inteiramente objectiva (tom irónico)?

Margarida: Sim, porque não? A posição de Kuhn está bem fundamentada com a tese da incomensurabilidade dos paradigmas, dos critérios ditos objectivos e das escolhas subjectivas.

Joana: Sim, porque Popper também não tem razão alguma quando diz que a ciência é objectiva apoiando-se no facto das teorias serem descrições da realidade, e que, o avanço da ciência implica uma aproximação à verdade, graças à falsificação e à corroboração das teorias. Sim, pois … (tom irónico)

Margarida: Yes, kuhn is the BEST!!

Joana: Estás cega! Teoria mais confusa não existe…

Margarida: Sou toda ouvidos…

Joana: Então, em primeiro lugar, Kuhn afirma que a ciência não é objectiva pelo facto dos paradigmas serem incomensuráveis – tu sabes o que isso significa, não podem ser comparados de forma objectiva, não há um melhor (mais próximo da verdade) do que o outro, apenas diferente … Até porque a teoria geocêntrica (Terra no Centro) e a teoria heliocêntrica (Sol no centro) são totalmente incomparáveis. Nenhuma está mais próxima da verdade. .. Ahahh

Margarida: Não sou burra.

Joana: Pois, continuando …

Em segundo lugar, Kuhn afirma que existem critérios objectivos para escolher entre teorias, mas estes são vagos e imprecisos. Ah, não esquecendo que por vezes entram em contradição!! O que torna a sua aplicação subjectiva. Por favor …

Margarida: Talvez até tenhas alguma razão mas pelo menos ele reconhece a existência de critérios objectivos, apesar de defender que estes não são suficientes para determinar uma escolha objectiva. If you know what i mean …

Joana: AhAh … Sim. Pois mesmo assim … A simplicidade, a abrangência, a consistência, a precisão e a fecundidade são pseudo-critérios. E ainda mais …. Como as pessoas não são iguais, e os cientistas são pessoas, existem várias formas de interpretar os critérios. E …

Margarida: Sim, mas Kuhn é o primeiro a reconhecer que a escolha entre as teorias referentes a dois paradigmas em conflito é, em parte, determinada por factores subjectivos. Por exemplo, quando os critérios de escolha de teorias entram em conflito, ou seja, a teoria Y tem uma maior fecundidade do que a teoria S, mas a teoria S é mais simples do que a teoria Y, a escolha irá depender do gosto pessoal do cientista, e a sua aceitação dependerá também do seu prestígio na comunidade científica.

Logo, não me parece que essa tua crítica seja correcta.

Joana: Ainda queres argumentar?

Margarida: Mas e o teu “ídolo”? Sim porque para Popper a falsificação de teorias é sinónimo de evolução científica. Teorias! Descrições da realidade! Aproximações à verdade!! My God!

Joana: Pelo menos Popper não defende algo claramente absurdo como faz Kuhn quando afirma que as mudanças de paradigmas não implicam uma aproximação à verdade. Really? Entre Ptolomeu e Copérnico, há alguma dúvida sobre qual teoria se aproxima da verdade?

Margarida: Bem … é melhor pararmos por aqui e mudarmos de assunto.

Joana: Sim, também acho.

Trabalho elaborado pelas alunas Joana Valente e Margarida Abreu.

Guião do diálogo

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Dramatização dos Diálogos entre Popper e Kuhn sobre o problema da objectividade científica

e do outro lado do espelho 😉

Diálogo – Kuhn e a Evolução da Ciência

KUHN E A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA
Tomás: Ah, desculpa! Thomas Kuhn foi um célebre filósofo da Ciência ame­ricano. Morreu em 1996, dois anos depois de Popper. Algumas das mais recen­tes discussões filosóficas sobre a Ciência foram suscitadas por uma sua obra, intitulada A Estrutura das Revoluções Científicas, onde ele defende pontos de vista que provocaram grande polémica.
Cláudia: Como, por exemplo…
Tomás: Como, por exemplo, o facto de revelar que os cientistas, tal como as outras pessoas, são muito resistentes à mudança. Isso leva-o a discordar de Popper e a subscrever a crítica segundo a qual Popper fala de como a Ciência deveria ser, não de como ela é realmente. Se olharmos para a História da Ciên­cia, afirmou ele, constatamos que os cientistas estão mais preocupados em con­firmar as teorias já aceites como verdadeiras do que em pô-las em causa para que possam surgir outras novas. É isso que normalmente acontece no dia-a-dia dos cientistas. A maior parte da História da Ciência é constituída por longos períodos em que as coisas funcionam deste modo, que ele designou por “Ciên­cia normal”. Nestes períodos, os cientistas não põem em causa os paradigmas.
Cláudia: “Paradigmas”? Que é isso?
Tomás: Kuhn defendeu que as teorias científicas surgem a partir de um qua­dro conceptual, que é uma certa maneira de ver as coisas e funciona como modelo. Essas teorias especiais, cujo alcance e influência ultrapassam em muito o contexto em que surgiram, são os paradigmas. Constituem o “pano de fundo”, ou contexto mental, a partir do qual as teorias científicas vão surgindo, sem que esse “pano de fundo” ou paradigma seja posto em causa.
Cláudia: Quer dizer que nem todas as teorias são paradigmas, embora todas as teorias se enquadrem num paradigma.
Tomás: Exactamente. Todas as teorias surgem num contexto preciso e obede­cem a uma certa forma de encarar as coisas que, segundo Kuhn, é anterior às próprias teorias. Estas estruturas são os paradigmas. ( … )
Cláudia: Se isso é assim, como explica ele o aparecimento de teorias científi­cas revolucionárias?
Tomás: É uma pergunta inteligente, sim senhor! Realmente, se é verdade que os cientistas são tão conservadores, como explicar aqueles momentos da História da Ciência em que apareceram teorias extraordinariamente inovadoras e revolucionárias? Kuhn responde a essa objecção do seguinte modo: a História da Ciência não é apenas constituída por esses longos períodos de “acalmia” conservadora (a “Ciência normal”), mas também por autênticas “tempestades” que surgem de tempos a tempos.
Cláudia: Quando é que isso acontece?
Tomás: Precisamente quando as velhas teorias começam a revelar anoma­lias, ou seja, quando se revelam inadequadas. É a partir deste momento que os paradigmas começam a entrar em crise, o que dá origem a uma nova fase ou período. Para os distinguir da “Ciência normal”, Kuhn dá a estes períodos con­turbados o nome de “Ciência extraordinária”.
Cláudia: Porquê “extraordinária”?
Tomás: Porque a ocorrência destas “revoluções” não é frequente, acontece apenas de tempos a tempos.
Cláudia: E o que é que acontece exactamente nessas alturas?
Tomás: Basicamente isto: o paradigma que até aí era aceite sem discussão é posto agora em causa. Em consequência disso, os cientistas, que até aí se esfor­çavam por confirmar as teorias já conhecidas, vêem-se subitamente na necessi­dade de tentar encontrar teorias novas que se revelem mais eficazes que as anti­gas agora em crise. Estes períodos são de grande utilidade para a Ciência. É neles que surgem os grandes génios da Ciência. Kuhn realça o facto de essas teorias revolucionárias fazerem a Ciência progredir imenso.
Cláudia: Já percebi: a Ciência avança com pequenos passos nos períodos da “Ciência normal” e dá saltos de gigante nos períodos da “Ciência extraordiná­ria”. E depois, o que é que acontece?
Tomás: O velho paradigma é substituído pelo novo e volta tudo a funcionar como anteriormente, reiniciando-se o período de “Ciência normal”. É como naquele ditado, “Depois da tempestade vem a bonança”.
Carlos Café, Eles não sabem que eu sonho… Um jovem poeta no país da Ciência, Porto, Edições Asa, 2005, págs. 123-126

Diálogo sobre Popper

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Um diálogo sobre o falsificacionismo

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A Nova Versão do Capuchinho Vermelho

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